Pelos anos do S.,em Março, resolvemos fazer um roteiro por várias Aldeias de Xisto, algumas das quais poderão encontrar fazendo uma pesquisa pelo nosso site, como as de Piódão ou Talasnal, entre outras.

Conduzidos pelo ventura-móbil, com os assentos aquecidos ligados (o S. diz que não gosta mas é mentira), a nossa primeira noite foi passada no Hotel Convento, um boutique hotel de quatro estrelas imponente e localizado num edifício histórico, a menos de duas horas de viagem de Lisboa, que escolhemos por estar estrategicamente localizado perto das aldeias e contornado pelas albufeiras do Cabril e Castelo de Bode.

Em boa verdade, não foi só pela localização privilegiada. Sempre que podemos, gostamos de ficar em sítios onde seja possível respirar ou história, ou natureza, com um certo toque de requinte, e o Convento parecia reunir todas as nossas exigências. Não será preciso dizer que a S. insistiu em ficar no melhor quarto bem como no mais romântico, e por isso a escolha incidiu no quarto histórico, correspondente às antigas celas, localizado no rés-do-chão. A €110 por noite, com pequeno-almoço incluído, este quarto era absolutamente maravilhoso, com apontamentos cuidadosos e roupa de cama de grande qualidade, incluindo robe e chinelos (os robes são invariavelmente enormes para a S., mas esta fica sempre com ares de lutadora de sumo adorável). Sentimo-nos uns autênticos monges a habitar um lugar interdito, e para enorme gáudio da S., a casa de banho tinha uma grande banheira com bons produtos de higiene. Todos os funcionários foram de uma simpatia extrema, tendo inclusive pedido a nossa opinião à chegada em relação ao bolo caseiro (um de muitos) para servirem ao pequeno-almoço do dia seguinte.

Sem retirar nada à magia do quarto, convém no entanto notar que como este ficava no rés-do-chão e relativamente perto da zona de passagem para o lindíssimo lounge onde os hóspedes podem relaxar tranquilamente (e onde de manhã é servido o pequeno-almoço), o isolamento acústico deixa a desejar. Seria um bom investimento isolarem a porta de entrada de alguma forma, pois demorámos imenso tempo a adormecer. Além disso, nunca se fica completamente tranquilo sabendo que podemos ser acordados a qualquer momento por alguém a chegar ou a sair. Em todo o caso, o sono instável foi recompensado por um dos melhores pequenos-almoços que já provámos em qualquer dos sítios por onde temos ficado.

Quase que nos atrevemos a dizer que foi o melhor. Não bastasse a envolvência e peso histórico de um edifício secular, a mesa ao centro, enorme, estava decorada com as mais variadas iguarias e doces conventuais, todas elas caseiras, e nada faltava. Mas mesmo nada. Parece até castigo que a S. estivesse indisposta do estômago nessa manhã (resultado da sua tendência para exageros alimentícios), e tivesse apenas comido maçã cozida que os cozinheiros prontamente confecionaram a seu pedido. Foi certamente uma dor não poder provar nada do que estava em exibição, chamando por ela. Talvez fosse o local a impor-lhe um sacrifício, já que tinham ficado nas antigas celas. O S. serviu-se alarvemente. Dito isto, impõe-se um regresso. Um dia soube seguramente a pouco para usufruir de tudo o que aquele espaço tem para oferecer.

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