Antes de começarmos este relato pelo magnífico restaurante Cova da Loba, em Linhares da Beira, convém dizer que usamos Remo apenas para o trocadilho pois a S. não queria ser rémora.

Foi durante a nossa estadia no Inatel Linhares da Beira, por altura das cerejas que, recomendados pela gerência do hotel, experimentámos o ÚNICO restaurante que se encontrava aberto, não sabemos se por causa da pandemia ou por ser mesmo a única opção.

Chegámos por isso desconfiados, a pensar que por não ter concorrência seria muito mau. Ainda para mais, tinham-nos dito que a ementa consistia numa adaptação moderna de pratos tradicionais, o que nem sempre resulta.

As nossas dúvidas iniciais depressa se dissiparam e este passou a ser sem sombra de dúvidas um dos nossos restaurantes predilectos. A S. sonha com o dia em que o S. a leve lá novamente. Sim, o conceito é diferente, mas muito bem conseguido.

Continua a ser comida tradicional se bem que com um registo original que causa autênticas explosões papilares pelo cruzamento inesperado de vários sabores e técnicas.

As entradas ficam na memória pela sua criatividade como o queijo de cabra panado com frutos vermelhos ou o gaspacho de cereja, este último absolutamente divinal, e com uma leveza e sabor que nunca mais encontrámos e que a S. tentou replicar sem sucesso.

Além disso, provámos também a sopa de perdiz com boletos e massa folhada, jogando com a textura dura e seca da massa e a parte líquida do caldo e que estava deliciosa.

Seguiram-se lombinhos de cabrito da serra grelhado (apenas degustados pela S. dado que o S. não come cabrito, o louco), e polvo grelhado com migas de broa e chícharos cozinhado na perfeição.

As combinações são de facto excepcionais, juntando o quente ao frio, o salgado ao doce, as frutas à carne ou ao peixe. A carta de vinhos é igualmente extensa, não fosse o Cova da Loba uma espécie de adega bem sortida e decorada com imenso bom gosto.

Logo à entrada, garrafas e caixas de vinho de qualidade superior criam um ambiente de armazém sofisticado. A cozinha, aberta, permite vislumbrar os duendes em operação.

O atendimento é absolutamente irrepreensível, e com combinações tão peculiares na carta, estão sempre disponíveis a aconselhar o que podemos gostar mais ou menos, ou a fazer recomendações certeiras consoante os nossos gostos.

Para finalizar, uma menção honrosa para as sobremesas, domínio habitual da S. mas às quais até o S. desta feita se converteu, e que incluíram criações como a Pavlova com frutas e sorbet de manga e um leite creme torrado na hora.

Quisemos voltar logo no dia seguinte mas estavam fechados para descanso semanal. Fica aqui a promessa de voltar, e o mais alto elogio.

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