Na nossa viagem a Linhares da Beira, ficámos instalados no bonito Inatel e num dos dias decidimos dar um saltinho à aldeia serrana de Folgosinho, no concelho de Gouveia, onde a S. já havia estado enquanto adolescente.  Dessa ida não esquecera a degustação de um belo javali e o facto de Folgosinho ser terra (uns dizem e outros contestam), onde nasceu o valente e destemido Viriato, chefe dos Lusitanos. Contudo, já pouco recordava além da paparoca (nenhuma surpresa, aqui). Assim, voltarmos foi quase como uma primeira vez.

O caminho até chegar a Folgosinho é lindo, feito por estradas estreitas  onde a todo o momento se pode ter de parar para deixar passar rebanhos de ovelhas e os seus pastores. É feito sempre a subir, puxando pelos cavalos do ventura-móbil que nunca se queixa da montanha. A paisagem vai mudando à medida que nos elevamos na geografia, e grandes e fartos carvalhos e castanheiros vão compondo  a vegetação que se torna progressivamente mais rasteira à medida que avançamos, com vistas mais extensas e abertas.

Ao chegar, com o ventura a roncar em primeira a quase 1000 metros de altitude, avistámos logo um pequeno adro com uma bonita fonte e o restaurante Albertino a fazer pirraça ao estômago mesmo ao lado. Ainda, assim, antes de ir tratar da fome, fomos dar uma volta pela bonita aldeia.

Depois de estacionarmos numa exígua rua de empedrado granítico tão caracteristico, o S. foi encher a garrafa de água à fonte que havíamos avistado, e depressa nos começámos a rir ao ver as quadras pintadas nos azulejos da mesma: “Água e Mulher, Só Boa se Quer”. Do outro lado “Água Má Faz Danos, Água Boa Dá Anos”. Pela via das dúvidas, enchemos tudo o que tínhamos à mão, pois que as há, há! Há muitas fontes espalhadas pela aldeia, conferindo-lhe um registo fértil.

É comum encontrar por Folgosinho quadras bem humoradas pelas fachadas das casas tradicionais de pedra, e temos pena de não ter tirado mais fotos. Avançando, encontrámos a lindíssima igreja matriz, situada mesmo no centro da vila e que para nosso azar não estava aberta. Seguimos assim para o pequeno Castelo, tentando imaginar o que Viriato haveria sentido e visto daquela perspectiva. A edificação que se nos apresentou quase nada tem a ver com a original. As obras de reconstrução a que o castelo foi sujeito nos anos 30 não mantiveram nem fizeram jus, no nosso entender, à sua autenticidade. No entanto, vale a pena perder uns bons minutos a beber aquela atmosfera e contemplar a vista, essa absolutamente fabulosa, para a serra e para a aldeia. É dali que também nos apercebemos da construção desenfreada e sem sentido de algumas casas, descaracterizando o aspecto tão tradicionalmente rústico da povoação.

Seguimos assim para o pequeno Castelo, tentando imaginar o que Viriato haveria sentido e visto daquela perspectiva. A edificação que se nos apresentou quase nada tem a ver com a original. As obras de reconstrução a que o castelo foi sujeito nos anos 30 não mantiveram nem fizeram jus, no nosso entender, à sua autenticidade. No entanto, vale a pena perder uns bons minutos a beber aquela atmosfera e contemplar a vista, essa absolutamente fabulosa, para a serra e para a aldeia. É dali que também nos apercebemos da construção desenfreada e sem sentido de algumas casas, descaracterizando o aspecto tão tradicionalmente rústico da povoação.

Descendo do Castelo, decidimos ir explorar o resto da aldeia e as suas ruas tão agradavelmente irregulares, cada passada a lembrar a crueza e genuinidade da experiência de aldeia serrana: velhotes a aquecerem-se ao sol, a conversar, sentados no adro, gatos e cães a passear livremente, senhores e conhecedores de todos os recantos, e idosas vestidas de preto. Estes pormenores fazem com que Folgosinho seja uma das aldeias mais autênticas da Serra da Estrela, nisto muito parecida com a de Sabugueiro, por exemplo, por onde também estivemos e da qual  guardamos belas memórias.

Artigos Recomendados

Digite e pressione enter para pesquisar