O nosso roteiro pelo Alqueva culminou com uma visita à bela vila medieval de Monsaraz, encerrada sobre imponentes muralhas que escondem uma povoação pitoresca de ruas caiadas de branco onde o xisto reina. Com uma localização privilegiada no topo de uma colina, no concelho de Reguengos de Monsaraz, a vista da vila fortificada para o rio Guadiana e a vizinha Espanha é de cortar a respiração.

Em Monsaraz, o tempo congela permitindo sentir-se uma aura encantada, até levemente mística. As fortes ligações aos Templários são bem visíveis e orgulhosamente exploradas pela povoação local, incluindo em lojas de artesanato que abundam pelas estreitas ruelas, ou na gastronomia típica, como a oferecida pela A Taverna dos Templários, a nossa escolha para o almoço.

Este bucólico povoado alentejano faz ponto de honra conservar a intemporalidade dos seus costumes. Habitado por gente acolhedora e hospitaleira, sentimo-nos convidados a fazer uma viagem no tempo. A entrada na vila pode fazer-se por várias portas. Nós fizemo-lo pela Porta da Vila, a porta principal, atravessando um belo e imponente arco gótico. Depois de almoçarmos como reis na Taverna, nada melhor do que explorarmos as ruelas para desmoer, começando  pelo imponente e amplo largo D. Nuno Álvares Pereira e o seu bonito pelourinho.

Vagueámos pela ruelas e travessas encantadoramente caiadas de branco e decoradas com gosto sóbrio mas colorido, contrastando com o chão de xisto, escondendo capelas, capelinhas, e edifícios interessantíssimos como  o da Cisterna, onde outrora se armazenavam as águas das chuvas.  Daí, passámos pela impressionante e grandiosa Igreja de Nossa Senhora da Lagoa e, continuando em frente, chegámos rapidamente ao Castelo, não sem antes termos reparado num pormenor adorável mesmo à entrada. Uma baixa e típica casa caiada ostentava uma vinha com ar de quem oferece uma frondosa e desejada sombra.

Do belíssimo Castelo de Monsaraz, construído por D. Dinis no século XIV e classificado como monumento nacional, apenas o exterior permanece de pé. Percorremos as muralhas envolventes tendo sempre como pano de fundo uma vista soberba para campos tipicamente raianos da planície alentejana. A sua extensão é esmagadora, especialmente contemplada do alto. Pareceu-nos que se realizam  concertos dentro do castelo e ficámos felizes por saber que estes espaços históricos ainda são usados ao mesmo tempo que estes investimentos culturais permitem conservar e proteger o património que estaria de outra forma muito provavelmente condenados ao abandono e ruína.

Foi tão bom perdermos-nos dentro das muralhas de Monsaraz pelo puro prazer da descoberta de cantos e recantos maravilhosos. É impossível ficar-se indiferente ao visitar esta jóia alentejana. O melhor de tudo foi sentir que a história não é só passado, mas também presente. Vão, e deixem-se enfeitiçar.

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