Aquando do nosso roteiro pelas Aldeias de Xisto pelos anos do S., quisemos visitar Gondramaz, uma das aldeias mais altas e escondidas, localizada numa das encostas da Serra da Lousã, a 600 metros de altitude. Chegar lá não é fácil. Estradas sinuosas e estreitas, acompanhando o verde luxuriante da montanha, puxaram pelo fôlego do ventura-móbil, que como sempre adora exibir a sua potência serra acima, qual cão a chafurdar na lama. Foi lá que, ao caminhar pelas apertadas ruas de xisto, chegámos a um convidativo portão de onde emanava um encantador cheiro a jasmim. É aí que está o Pátio do Xisto, um misto de alojamento local e restauração, gerido pela carismática Lúcia, anfitriã e guardiã daquele lugar tão especial.

A Lúcia é a alma do Pátio: recebe e cozinha, com uma desenvoltura e rapidez, sem papas na língua. Ao chegarmos e perguntarmos se ainda estavam a servir e o que havia para comer (já era tarde), conduziu-nos imediatamente para a cozinha onde, apontando para altas panelas, nos disse haver feijoada de frango e porco, feita por ela. O S. encolheu-se (não come porco), e murmurou que afinal não queria comer, que bebia só um chá. No entanto, a Lúcia não esteve com meias medidas. Numa atitude algo maternal, pô-lo em sentido e disse que ia comer feijoada sim senhora, que estava muito boa, e que ela podia tirar o porco. Picuinhas, o S. ainda torceu o nariz dizendo que conseguiria sentir o sabor, mas Lúcia estava mais determinada do que a pastorinha e não lhe deu hipótese.

Assim sendo, fomos à feijoada. E que manjar. Até o S. varreu o prato com o pão para aproveitar aquele molhinho. Estava realmente muito boa e a Lúcia revelou-se uma óptima companhia de almoço, sempre atenta a um jogo de basquetebol nacional que passava na tv, mostrando-se uma fervorosa adepta, algo que achámos muito curioso. No final, o S. teve direito a beber o seu chazinho digestivo, e como sobremesa optámos por uma simples mas saborosa maçã. A vista do restaurante é fabulosa, com uma grande janela envidraçada que dá para um elegante pátio exterior.

A cereja em cima do bolo e a bela piscina infinita, de onde se contempla a serra sem nenhum obstáculo.

O espaço está decorado com bom gosto, a lembrar as cozinhas do tempo das nossas avós, e convida a convívios grandes ou pequenos (diz a Lúcia que é muito frequentado por ciclistas e por muitos estrangeiros, também). O preço acaba por não ser tão “familiar”, mas é perfeitamente justificado pela qualidade do serviço e boa cozinha caseira, e claro, pela vista deslumbrante.

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