Partimos com o objectivo bem delineado de passarmos duas noites fora para recuperarmos as horas de sono em falta e dormir num ambiente sossegado de aldeia. Com isto em mente, decidimos rumar à Quinta da Eira Velha, localizada na região centro do país, mais precisamente na bonita Aldeia do Mato. Para lá chegar, seguimos pela estrada nacional (como gostamos), continuando pela margem direita do rio Tejo passando por Constância, e daqui subindo o rio Zêzere até um dos braços da Barragem do Castelo do Bode. A caminho, ficou-nos na memória um espetáculo algo aterrador à beira da estrada: um circo de peluches e nenucos enforcados em postes e presos a redes que fizeram o ventura-móbil aumentar a rotação. O S. ainda convenceu a S. a sair do carro e a deixar uma moeda na caixinha das contribuições (sim, o espetáculo era a pagar), e com medo do Diabo, resolvemos contribuir para tão estranha causa, sempre com o motor ligado, não fosse o nenuco soltar-se.

Chegados à pequena Aldeia do Mato e confundidos pelo GPS, perguntámos pela Quinta num café local, onde prontamente nos indicaram o caminho. Em boa verdade, a aldeia não oferece muita escolha de alojamento mas esta é uma boa opção, a 65 euros por noite. Trata-se de uma casa de família recuperada com bom gosto e preservando a traça antiga.

Os quartos, sendo pequenos, são confortáveis se bem que a casa de banho fica no corredor, acarretando o desconforto das estruturas desta tipologia histórica. Decididamente, não gostamos de casas de banho fora do quarto.

Outro aspecto que salientamos é o facto do proprietário coabitar na mesma ala, mesmo em frente do nosso quarto, e por muito cordial, reservado e educado que tenha sido, nunca nos sentimos tão plenamente à vontade como desejaríamos. Apesar do objectivo ser desligar do burburinho do dia a dia, fez-nos igualmente falta uma ligação de wi-fi estável: só conseguimos apanhar rede fazendo malabarismo do lado de fora da janela (algo que o proprietário nos garantiu que estava a tentar resolver já há algum tempo).

Uma relevante característica deste alojamento é a serventia de um grande salão de aspecto rústico localizado na cave da casa para uso dos hóspedes. Foi aqui que nos sentimos mais à vontade e é também aqui que é servido o óptimo pequeno-almoço, variado e natural, com destaque para o óptimo pão, compotas, bolo caseiro e sumo de laranja natural. A bela mesa rústica de madeira estava elegantemente posta e a simpatia da senhora que nos recebeu fez-nos sentir em casa. Tivemos também a sorte de encontrar um casal de hóspedes muito simpático com quem conversámos demoradamente à mesa e partilhámos dicas de viagem.

A  casa, bem orientada para poente, permite usufruir do sol de fim de tarde quando se regressa das muitas caminhadas possíveis na área em volta, sem esquecer uma passagem obrigatória pela Praia Fluvial da Aldeia do Mato, com boas infraestruturas de apoio, incluindo bungalows. A caminho, passamos por quintas e quintais, um galinheiro gigante repleto de gansos, coelhos, perus, galinhas, galos e garnizés e as ocasionais e perigosíssimas bosteiras.

A Quinta da Eira Velha abre portas para a vida de uma aldeia simples em todo o seu esplendor, com coisas boas e menos boas, conservando por esta mesma razão um carisma merecedor de uma visita.

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