Pelos anos da S., uma das prendas do S. foi uma estadia no Monte Vale Mosteiro e a caminho, enquanto fazia detours para a distrair e já com a fome a apertar, acabámos por ir parar a um restaurante numa esquina de uma pequena rua que conduzia à praia fluvial de Ortiga e à barragem de Belver, completamente ao acaso.

Tínhamos chegado ao O Bigodes, e só muito tempo mais tarde nos apercebemos que se trata de um dos melhores e mais conceituados da zona.

Ao olhar para a entrada, gostámos logo do aspecto rústico da casa, com um bonito alpendre de madeira e rodas de carroças nas janelas. Uma pequena tábua assente em dois troncos desiguais serve de banco.  Prometia, e cumpriu. Lá dentro, o ambiente continuava pitoresco, a fazer lembrar uma taverna medieval. Escuro, com uma grande pipa de vinho à entrada, madeira grossa em todo o lado incluindo nas pesadas mesas, e um atendimento despretensioso mas atento.

Tivemos a sorte de poder ficar sentados à janela, e mesmo sendo altura de pandemia, a distância para os outros comensais foi sempre assegurada. Ainda antes de pedirmos alguma coisa da ementa, o Sr. José António ofereceu-nos uma entrada que consistia em pequeninos e estaladiços peixinhos do rio. Quando perguntámos se eram do rio ali perto, ficámos surpreendidos ao saber que vinham do Algarve. Mas que eram bons, eram! Só a vergonha impediu a S. de pedir mais.

Como prato principal, e depois da S. ter demorado largos minutos indecisa com tantas opções de fazer crescer água na boca, decidimo-nos pelo mui alentejano sável com açorda de ovas, e um achigã grellhado acompanhado com legumes.

Estava realmente muito saboroso, de tal forma que, e apesar das doses serem muito bem servidas, pedimos uma segunda guarnição, a qual, para nosso espanto, nos foi gentilmente oferecida  na conta final, gesto que muito apreciámos (geralmente é ao contrário). Para sobremesa, escolhemos, atipicamente para a S., nada, pois realmente acrescentar mais qualquer coisa seria estragar o festim.

Em suma, O Bigodes foi uma óptima descoberta, com uma boa relação qualidade preço – pagámos cerca de 40 euros, sem vinho. Será certamente um restaurante ao qual regressaremos, pelo atendimento simpático e cuidado, pela comida e por nos termos sentido muito à vontade. Daqueles sítios onde se pode comer com calma e apreciar todos os pormenores, e onde os donos têm tempo para conversar connosco.

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